domingo, 21 de agosto de 2011

noite.

                                         

Preparava-me para sair de casa e pedi á minha mãe que parasse num dos cafés das redondezas do meu bairro, talvez um dos mais mal frequentados de todos, mas não me interessava minimamente, já o conhecia muito bem e não pelas melhores razões. Abri a carteira, troquei dinheiro e pedi que activasssem a máquina, disse que era para o meu pai, como já era conheçida, não houve problema nenhum. Comprei dois maços, um para mim e outro para ele, afinal de contas era justo. Arrumei os maços na mala e voltei ao carro de cabeça baixa, punhos cerrados, de expressão séria e descontente que fez chamar a atenção da minha mãe. ''Que vieste aqui fazer afinal?'' vim fazer um favor ao pai, respondi-lhe de olhos perdidos, ela não precisava de saber que a sua filha única de 15 anos andava metida em mais vicios. Chegei a casa, atirei a mala para um canto e abri o maço, deixei o meu corpo e mente encherem-se de fumo por momentos para que não me preocupasse com mais nada. Deixei as horas passarem, a tentar matar o vicio, até chegar á psudo-madrugada. Levantei-me deste computador que no fundo era uma tentiva falhada de me abstrair da dolorosa realidade que me consumia segundo-a-segundo. Fui á casa de banho e de seguida fui ao meu quarto, abri o armário e encontrei o teu blusão. Peguei nele cuidadosamente, ainda tinha o mesmo cheiro, o teu cheiro. As lembranças tomaram conta de mim, mas apenas as más. Atirei o blusão bruscamente para dentro do armário e fechei-o. Uma mistura de sentimentos apoderou-se de mim, sentia algo quase inexplicável, ódio, arrependimento, nojo, raiva, sentia os pulsos a ferver, a cabeça a explodir, um nó na garganta e pontadas no estomago. Corri para a mala que se encontrava mesmo á minha frente e acendi um cigarro enquanto me deixava deslizar na parede ao lado armário e me sentia a desmaiar. Sentia-me tonta, a zeros de força, mas isso não me fez parar. Fez-me querer fumar mais, fez-me querer destruir-me, quase como se me apagasse até acabar. Levantei-me, agarrada a tudo o que fosse sólido para não cair, senti-me sofocada pelo fumo do meu quarto, senti que as facadas nas costas eram tão fortes que me acertavam no coração e me faziam rastejar fora daquele quarto. Eu preciso de ar, preciso de respirar.

2 comentários:

♥ marta. disse...

compreendo o mau vício de que falas. olha, eu também fumo, mas ninguém tem que nos julgar por isso : ))
ergue-te e adorei o teu novo design

♥ marta. disse...

(não comentes o blog "set" já não faço parte dele, :/)
e porquê que te estás a meter nisso?